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História pouco conhecida da cidade de Porto Alegre a do Solar Conde de Porto Alegre, hoje sabida por alguns poucos que circulam pelas dependências da sede do Instituto dos Arquitetos do Rio Grande do Sul, situado na Rua Riachuelo, nos arredores da Igreja das Dores. Ali funcionou uma das delegacias ocultas do DOPs em Porto Alegre. Sabe-se que nos fundos do Solar havia uma cadeia, ainda legível na arquitetura do lugar. Nos porões, fuzis dissimulavam seu rá-tá-tá por de trás das badaladas dos sinos da Igreja das Dores. Ainda é possível observar as marcas de tiros na paredes. Pela altura dos buracos, deduz-se que os presos eram ajoelhados, de frente para a parede, cegos para o tiro que lhes atravessava o crânio pela nuca. Nos fundos havia ainda um crematório. Ele ainda está lá. Nada disso é segredo. Apenas não é sabido. A quem interessa saber? A quem interessa lembrar tais episódios? Por que lembrar que o Estado brasileiro matou aqueles que se levantam contra o seu abuso? Em 2009 realizei a intervenção “Entreguei a você os meus mais sinceros desejos ambições e medos” sobre a fachada do Solar Conde de Porto Alegre. Quiz compartilhar com a cidade um pouco da não-história do lugar, assinalar um ponto na cartografia da ditadura no nosso estado.

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Luciano Montanha